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Não aceite a confusão entre briga e agressão

Entenda como funciona a dissonância cognitiva para culpabilizar vítimas
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Hoje, o presidente Lula comentou a invasão russa da Ucrânia usando o ditado popular “quando um não quer, dois não brigam”.

Reproduzo a frase exata: "Acho que a Rússia cometeu um erro crasso de invadir o território de outro país. Mas acho que quando um não quer, dois não brigam. Precisamos encontrar a paz", disse.

É um raciocínio que nos causa algum desconforto. Isso é típico da dissonância cognitiva. Não foi o presidente que inventou esse mesmo uso do ditado, é algo mais comum do que você pensa.

Comece a reparar nesse raciocínio de hoje em diante, ele é uma das justificativas preferidas dos canceladores nas redes.

Dissonância cognitiva é quando não existe uma coerência entre sua fala, pensamentos, sentimentos e ações.

E onde isso está nesse caso específico? No contexto, não no conteúdo. A palavra “briga” é utilizada para nomear algo que é uma agressão, não uma briga.

Se você for pensar no ditado em si, é verdade. Quando um não quer brigar e se trata de uma briga, os dois não brigam. O que existe em jogo são provocações, que podem ser resolvidas com briga ou não.

A briga implica que uma das partes possa escolher outra forma de solução sem ser agredida ou até mesmo aniquilada.

Agressão é quando uma parte ou várias decidem por uma ação violenta contra outra. Não temos aí dois atores numa briga, temos um agressor e uma vítima.

Passe a perceber como é comum nas redes que agressões sejam reduzidas a brigas ou tretas. É uma forma eficiente de usar a dissonância cognitiva para culpabilizar vítimas e justificar agressões.

No meu livro “Cancelando o Cancelamento”, falo dessa e de outras técnicas que acabam dando status social e poder político e econômico a quem vive de agressões.

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CANCELANDO O CANCELAMENTO

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Madeleine Lacsko
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Madeleine Lacsko